a RaDiOgRaFiA
RaDiOgRaFiA (ou Röentgenographs, em homenagem ao seu descobridor) é um exame de diagnóstico e terapêutica realizado por um Técnico Superior denominado de Técnico de Radiologia. Insere-se na especialidade da Imagiologia, que por sua vez, utiliza o estudo e aplicação da tecnologia da imagem, como o raio-X e radiação para diagnosticar e prevenir a doença.
É definida como o registo fotográfico do interior do corpo, ou seja, de uma imagem produzida pela passagem de uma fonte de raios-X através de um objecto.
Figura 1. Produção da imagem
No interior da fonte de raio-X (ampola), cria-se vácuo com uma intensidade de corrente (mA) (1) que leva ao rubro os filamentos do cátodo (pólo negativo), formando uma nuvem electrónica em redor do mesmo. Os electrões são orientados na direcção do ânodo (pólo positivo), pelo cone de focagem. Uma d.d.p (2) é aplicada entre o ânodo e o cátodo, na ordem das dezenas de kV (3). Os electrões animados de uma elevada velocidade deslocam-se em direcção ao ânodo. Com o embate dos electrões no ânodo, produz-se calor (99%) e radiação X (1%). A radiação X é emitida em todas as direcções, no entanto, só se utiliza a que sai pela janela do invólucro de metal (raio útil) originando a imagem.
Após um século da sua descoberta, a RaDiOgRaFiA ainda é o 1º exame de eleição na avaliação dos pulmões, coração e esqueleto, devido à sua ampla disponibilidade, velocidade e baixo custo. Representa uma "ferramenta" fundamental do exame clínico, e sua validade é directamente proporcional à quantidade de informação que oferece.
ExAmE rAdIoGrÁfIcO
- Auxilia o diagnóstico
- Colabora no plano de tratamento
- Orienta e controla a terapêutica
BeNeFíCiOs versus RiScOs
Os raios-X são um tipo de radiação electromagnética semelhante à luz visível. No entanto, para além dos benefícios em examinar fracturas e analisar as condições dos órgãos internos, apresenta riscos, pois a exposição prolongada pode provocar no ser humano, vermelhão na pele, queimaduras ou em casos mais graves transformações no ADN (4), morte das células ou mesmo leucemia. Isto porque, a carga eléctrica de um ião (gerada no interior do aparelho de raio-X) pode originar uma reacção química anormal das células. Entre outras coisas, a carga pode quebrar as cadeias de ADN. Uma célula com uma cadeia de ADN quebrada pode morrer ou o ADN desenvolver uma mutação (mudança de forma ou essência). Se várias células morrerem, o corpo pode desenvolver várias doenças como dermatite actínica (doença da pele), leucemia (neoplasia maligna que atinge o sangue), aplasia medular (deficiência na medula). Se o ADN sofrer mutação a célula pode tornar-se cancerígena. Se a mutação é ao nível genital (homem - espermatozóide, mulher - óvulo) pode causar defeitos à nascença. Outros órgãos que podem ser afectados com a mutação das células são os olhos, tiróide e medula óssea.
O efeito da radiação é cumulativo e pequenas doses são acumuladas ao longo da vida, por isso, limites de exposição devem ser respeitados e a super-exposição evitada.
PrOtEcÇãO rAdIoLóGiCa
Com certeza que já reparou, quando realiza uma radiografia, que o Técnico de Radiologia, se "esconde" atrás de uma barreira de protecção. Sabe porque? Pois bem, esta medida não é mais do que uma forma de protecção contra os raios-X, uma vez que estes são uma das formas de radiação mais fortes que existem. Essa barreira, assim como as paredes e portas da sala de exame são isoladas normalmente com material chumbo. Deve estar a questionar-se, porquê chumbo e não outro material qualquer? Chumbo porque quanto maior a densidade de um material maior a sua eficiência como "escudo" contra os raios-X. E entre os metais de alta densidade o chumbo é um dos metais mais baratos. A relação entre a densidade e a capacidade de bloquear a radiação esta relacionada com a nuvem de electrões que gira ao redor do núcleo do átomo. O chumbo tem uma nuvem grande o que facilita a dissipação de energia contida nos raios-X. Se assim não fosse, a quando da espera para a realização de uma radiografia estaria a receber radiação desnecessária e prejudicial para a sua saúde.
Os pais, já observaram, que muitas vezes o profissional de saúde coloca na criança um protector na zona genital (denominado de protector das gónadas).
Figura 2. Protector das gónadas
Esta protecção é necessária, pois os raios-X podem provocar mutação no espermatozóide ou óvulo, e como nas crianças as células ainda não estão totalmente desenvolvidas o risco é maior para esta faixa etária.
Para além destas medidas de protecção, existem outros objectos protectores (óculos, aventais, luvas, protector da tiróide).
PrOíBiDa A eNtRaDa
Já se apercebeu, que a entrada numa sala de exame onde se utiliza os raios-X é restrita. Muitas vezes, queremos acompanhar os nossos familiares e amigos na realização do exame. Nestes exames, isso nem sempre é possível e não pense que é "má fé" do profissional de saúde, é simplesmente uma forma de o proteger contra os malefícios da radiação. Porém, essa entrada só é permitida quando o Técnico se depara com pacientes não colaborantes ou crianças (bebés ou miúdos que não colaborem sem a presença dos pais). Nestes casos, o Técnico de Radiologia tem o dever de o proteger, dando-lhe um avental de chumbo (apesar do incómodo do peso é indispensável que o coloque), pois assim, estará protegido.
Não se quer contudo, alarma-lo, pois a quantidade de radiação recebida quando efectua uma radiografia não é capaz de causar danos, mas compreenderá que o Técnico de Radiologia que opera a máquina de raios-X diariamente teria sérios problemas se não se protegesse.
RaDiOgRaFiA e A gRaViDeZ
Já leu certamente "Se está grávida avise o Técnico de Radiologia".
No período de pré-implatação, a irradiação pode produzir a morte do embrião, no entanto, se sobrevive terá um desenvolvimento normal. Mesmo que exista morte do embrião, a mulher nem se apercebe porque ignora que está grávida. Durante o período de organogénese, quando todos os órgãos do embrião começam a configurar-se, podem surgir devido à radiação malformações congénitas. O período fetal, é uma fase crítica porque as células estão em divisão rápida e mais sensíveis às radiações.
Acreditava-se que os primeiros dias de gravidez eram uma fase crítica, sendo proibidos todos os exames radiológicos a partir do 10º dia de amenorreia, para se ter a certeza de que não existia gravidez (regra dos 10 dias). Actualmente esta regra não é respeitada porque se sabe que o risco de irradiação durante este período, obedece à regra do "tudo ou nada". No entanto, como é difícil distinguir uma hemorragia menstrual verdadeira das metrorragias que ocorrem depois da concepção, aconselham-se as mulheres a evitarem a exposição às radiações sem antes realizarem um teste de gravidez.
No caso de irradiação de origem médica ou acidental do embrião ou do feto, pode colocar-se o problema de uma interrupção da gravidez. As normas habituais são as seguintes: para uma irradiação inferior a 0,10 Gy não se impõe nenhuma medida; acima dos 0,2 Gy recomenda-se a interrupção da gravidez; entre 0,1 e 0,2 Gy a decisão é tomada em função do desejo de maternidade, sabendo-se que neste intervalo de dose os riscos são muito pequenos, inclusivamente hipotéticos.
Período | Pré - Implatação | Organogénese | Fetal |
Duração (dias)/ Efeitos | 0 - 8 dias, morte intra-uterina ou normal desenvolvimento | 9 - 60 dias, morte intra-uterina, mau desenvolvimento do SNC (5) | 60 - 111 dias, défice de crescimento, cancros. 60 - 270 dias, mau desenvolvimento e atraso mental |
Tabela 1. Período versus duração/efeito.
Acreditava-se que os primeiros dias de gravidez eram uma fase crítica, sendo proibidos todos os exames radiológicos a partir do 10º dia de amenorreia, para se ter a certeza de que não existia gravidez (regra dos 10 dias). Actualmente esta regra não é respeitada porque se sabe que o risco de irradiação durante este período, obedece à regra do "tudo ou nada". No entanto, como é difícil distinguir uma hemorragia menstrual verdadeira das metrorragias que ocorrem depois da concepção, aconselham-se as mulheres a evitarem a exposição às radiações sem antes realizarem um teste de gravidez.
No caso de irradiação de origem médica ou acidental do embrião ou do feto, pode colocar-se o problema de uma interrupção da gravidez. As normas habituais são as seguintes: para uma irradiação inferior a 0,10 Gy não se impõe nenhuma medida; acima dos 0,2 Gy recomenda-se a interrupção da gravidez; entre 0,1 e 0,2 Gy a decisão é tomada em função do desejo de maternidade, sabendo-se que neste intervalo de dose os riscos são muito pequenos, inclusivamente hipotéticos.
RaDiOgRaFiA e Os ObJeCtOs MeTáLiCoS
Uma outra questão que já colocou a si mesmo, porquê retirar todos os objectos metálicos (fio, pulseira, anel, óculos, brincos, etc) ou peças de roupa (calças, saias, camisas - botões metálicos) quando realiza uma radiografia? A explicação é muito simples, estes objectos são atravessados pelo feixe de radiação e são mostrados na película (radiografia), por isso, é necessário retirá-los para que não interfiram na análise do exame e "escondam" patologia associada.
Figura 3. Radiografia do tornozelo com um objecto metálico
RaDiOgRaFiA e O pOsIcIoNaMeNtO
Geralmente, quando efectua um exame radiográfico, fá-lo sempre em duas posições distintas. Sabe porquê? Porque uma radiografia é uma imagem bidimensional de uma estrutura tridimensional, logo, é na grande maioria das vezes necessário a realização de duas incidências (duas posições) perpendiculares para se conseguir ter uma noção correcta do objecto (parte do corpo) a estudar.
Figura 4. Radiografia do pé. Duas incidências
RaDiOgRaFiA o QuE eStUdA
Já se perguntou a si próprio o que o médico pretende estudar para o aconselhar a fazer uma radiografia? Saiba (de forma muito simples) que as radiografias estudam:
(1) Miliamperes
(2) Diferença de potencial
(3) Quilovolts
(4) Ácido desoxirribonucléico
(5) Sistema Nervoso Central
Próximo tema: "Mamografia"
(2) Diferença de potencial
(3) Quilovolts
(4) Ácido desoxirribonucléico
(5) Sistema Nervoso Central
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